terça-feira, 28 de outubro de 2008

De regresso a Lx

Olá. Eu e a "Ávila" regressámos a Lisboa ao final do dia 27.
Já nos lembrámos de algumas passagens desta super viagem de Outono, o que despertou alguns risos.
Estamos bastante cansadas mas a viagem foi mesmo boa e vimos "pedaços" bem bonitos de Portugal.
Prometo registar aqui o essencial da viagem mas para já fico-me por algumas fotos. Espero que gostem, embora não tanto quanto nós duas.
Boas viagens...
MÉRTOLA


SAGRES


PRAIA DA ROCHA


ALGURES NO ALENTEJO



MINA DE SÃO DOMINGOS



ALBUFEIRA


BEJA




domingo, 26 de outubro de 2008

On the road - pelos caminhos de Portugal...

Lembram-se da musiquinha "Pelos caminhos de Portugal eu vi tanta coisa linda, vi um mundo sem igual"?

A tão planeada viagem começou na sexta-feira, dia 24. Estas palavras estão a ser escritas de Albufeira, praia da Galé. Prometo deixar aqui um relato mais pormenorizado quando chegarmos ao nosso destino. Para já adianto que tem sido uma aventura e tanto, nós duas de carro (eu e a "Ávila") com um mapa na mão, alguma roupa na bagagem e com os nossos sentidos bastante estimulados.

No dia 24 fomos de Lisboa a Mina de São Domingos e no dia seguinte até Albufeira, com algumas paragens pelo meio, várias fotografias e bonitas paisagens. Ainda espreitámos Espanha em Alcoutim e o Guadiana esteve connosco por diversas vezes.

Chegamos ao final de cada dia com bastante cansaço, admito, mas com a certeza de que não vamos esquecer estes dias. A mudança de hora, a noite passada, veio bem a calhar para recuperarmos as forças ;)

Ontem voltámos a ver o mar e jantámos num restaurante/esplanada na praia.

Banda Sonora?
Sintonizamos Rádios Comercial, Orbital Mix, Kiss, Beja FM, RR, RFM, Rádio Club, Antena 1, 3... as músicas que mais repetem são de Brandi Carlile (The Story), Coldplay (Viva la Vida) e Ana Free (não me lembro do nome). Isto é só para dar um "cheirinho".


Provavelmente da próxima vez que escrever já a jornada terá chegado ao fim. Até lá beijinhos e boas viagens!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Já começou

Uma nova viagem está à porta.
Estou em Lisboa, onde os últimos pormenores foram acertados.
A rota está traçada há semanas e ontem foi uma vez mais revista.
Agora o problema é outro: roupa. Não pode ser uma roupa qualquer e também não pode ser muita. O saco é pequeno exactamente pra eu não colocar lá dentro o guarda-fato, mesmo que a tentação seja grande.

Olhando para as últimas semanas, o tempo passou rápido!

A primeira música da banda sonora é "viva la vida" dos Coldplay...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A Banda Sonora

Há recordações que quando invadem o meu pensamento vêm acompanhadas por melodias. E quando ouço essas melodias lembro-me de certos momentos.

Pensando na próxima viagem, já "ouço" algumas músicas...





(Letra Infante de Fernando Pessoa, Voz e creio que Música de Dulce Pontes - foi a melhor coisa que ela fez na vida) Quero chegar a Sagres e ouvir este HINO!



He's Got the Whole World in His Hands - tema de um nativo americano fez sucesso em 1958 na voz de Laurie London. A EDP deu-lhe recentemente um novo brilho numa campanha publicitária mas não esqueço o filme Con Air - Fortaleza Voadora (1997) quando Steve Buscemi cantou o tema com uma criança. Melhor mesmo sou eu a cantá-lo em versão country ;)



O clássico dos Monty Python - Always Look on the Bright Side of Life (por vezes faz bem recordar esta música)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Pormenores difíceis

(Cartaz provisório - clica para aumentar)



E Outubro cá está.
A Viagem, a realizar no final do mês, ainda tem alguns pontos por acertar. Mas está decidido que vai começar em Beja. Eu e a "Ávila" pretendemos aproveitar e ir à Barragem do Alqueva. Seguem-se Moura, Serpa e pernoitar para os lados de Mértola. No segundo dia planeamos rumar a Loulé e pernoitar algures ali pelo litoral. No terceito dia vamos partir em direcção a Sagres (claro) e subir para conhecer a costa vicentina. A noite deverá ser passada na Zambujeira. O dia seguinte será o último e ainda não decidimos até onde vamos.




Parece muito simples mas é bem complicado, pelo menos para mim e para a colega de viagem. Não sou fã de planos ao pormenor, muito menos numa viagem. Além disso ambas desconhecemos esta parte de Portugal e não nos interessa os quilómetros percorridos mas sim a quantidade de informação recolhida. Sagres era inicialmente um dos lugares escolhidos para pernoitar mas os dias disponíveis são escassos e tivémos de fazer algumas alterações. Na realidade, fizémos muitas. As localidades que salientei servem apenas de referência. Entre cada uma delas vamos certamente encontrar paisagens fascinantes, pormenores que requerem maior atenção, terriolas à espera da nossa visita, ruínas, museus, monumentos, marcas de uma cultura que pretendemos conhecer mais profundamente. Queremos conhecer os cheiros e ver novos tons no horizonte.
Temos um monumento megalítico para ver em Portimão (ou arredores) e a illha do Pessegueiro foi uma das nossas prioridades na elaboração do esboço da rota. Queremos em Porto Covo sentir o que Rui Veloso canta. Mas estas são atracções das quais já ouvimos falar. Mas outras vão surgir-nos a cada minuto. Daí a dificuldade de elaborar a rota.



Andamos em mensagens, encontros, telefonemas e emails há semanas, mais concretamente desde 10 de Agosto, dia em que fiz o convite à "Ávila".






Porto Covo (Excerto)


Roendo uma laranja na falésia
Olhando um mundo azul à minha frente
Ouvindo um rouxinol na redondeza,
no calmo improviso do poente



Em baixo fogos trémulos nas tendas
Ao largo as águas brilham como pratas
E a brisa vai contando velhas lendas
de portos e baías de piratas



Havia um pessegueiro na ilha,
plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem por amor se matou novo,
aqui no lugar de Porto Côvo

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Chuva

O Outono chegou e trouxe aquela chuvinha que deixa um cheirinho bom entre a vegetação.

Cá estão alguns momentos da "Viagem da Chuva".

As fotos foram tiradas por Céu*. Para quem pensar em "roubá-las" só posso acrescentar uma outra foto que tirei recentemente:




















quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A grande viagem - Dias de Melo


O escritor da Calheta do Nesquim virou hoje a última página. Faleceu um Quental, um Nemésio e até uma Correia... Calaram-se as pedras e foi pousada a "pena"...

Entristece-me a notícia e mais ainda a pergunta: "Quem é o Dias de Melo?".

Até quando Dias de Melo continuará a ser, no presente?

A efemeridade e fragilidade das coisas angustiam-me.

Até quando a viagem de Dias de Melo continuará a ter eco neste mundo?


terça-feira, 9 de setembro de 2008

Preparativos

Amanhã tenho uma "reunião de negócios" com a "Ávila". Vamos tentar alinhavar a viagem. Falta pouco mais de um mês. O tempo passa depressa.
Ainda nem decidimos se vamos alugar uma viatura, quantos dias estaremos na "estrada" e se vamos visitar nuestros hermanos.



quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Fim-de-semana a acampar

Foi a terceira vez que acampei. A "Isabelita" foi comigo.
Chegámos ao Parque de Campismo da "Vilha" na sexta-feira, dia 29, pelas 19h20.
Meia-hora depois, com algumas estacas tortas pelo caminho, a tenda estava habitável.

(Foto Céu*)

Fomos para a Festa. A Festa em si não é que nos atraiu mas sim a "viagem", o "acampar", o "fazer coisas diferentes".

(Foto Céu*)

A noite de sábado foi fria e chuvosa. A chuva começou à tarde e "quebrou" o meu momento de descontração.

À noite, foi mesmo o Zeca o ponto alto.

Levei o "Fernando" na mochila e ouvi o Zeca recitar o "Autopsicografia".

O poeta é um fingidor

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração

(27/11/1930)

É claro que acompanhei, entre o público, o Zeca...

Que bela escolha, a do Fernando Pessoa.

(Foto Céu*)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Viagem ao Topo do Topo

Os humanos são seres peculiares. Perante as adversidades da vida desesperam, sentem-se sem energia, sem força, chegam a pensar desistir de tudo. Mas quando as exigências roçam o sobre humano, quando as adversidades são gigantescas conseguem procurar bem lá no fundo e descobrir um outro ser dentro de nós, um titã, um Hércules que desconhecíamos.

Ponham-se à prova, atrevam-se a despertar o vosso lado sobrehumano.


23 Agosto 2008 – sábado
21h40m

Daqui a uma hora saio de casa.
Nesta altura excitação e algum receio já me circulam nas veias. Foram muitos Verões que vi terminar com a tristeza de não ter subido Sua Majestade. Agora, de repente, surge a oportunidade e estou preocupada, com receio de não chegar lá cima. E depois… vou ter muita sede durante o percurso = vou mijar muito. A viagem é de madrugada. Onde vou eu andar com o rabo ao léu, a deixar sair os líquidos? Ah ah ah.
Ouço Djavan para acalmar.

Fui à janela. A esta hora do dia já não consigo vê-la, a Montanha. No saco levo o “Fernando” (Nininho), pensos rápidos, lenços, toalhitas húmidas, 1 rôlo de papel higiénico, food and drinks, um casaco de Inverno, 1 extra pair of jeans, folhas de papel, caneta e mais algumas miudezas (coisas que “arrasto” comigo para todo o lado).
Aguenta aí Djavan…

22h40m
“Mr. Daddy” um pouco atrasado. Às 23h30 encontramo-nos todos na “futura cidade”.

23h30m
Chegámos. Daqui a pouco seguimos até ao sopé da Montanha. Pelo caminho mando umas mensagens de telemóvel (uma de parabéns à “Cruz”, outras a outras pessoas a dizer o k pretendo fazer).
Na Casa de Apoio às subidas última mija e trato de vestir as calças de ganga por fora dos leggins - já sinto frio – e enrolo a echarpe ao pescoço.
No carro aliviei o peso da mochila. Deixei os óculos de sol, protector solar, 1 Fanta, 1 Sprite, 1 maçã, 1 iogurte e um pacotinho de leite com chocolate.
Deixamos os nossos dados numa folha de registo dos Bombeiros e lá fomos rumo ao cume (00h30m).
Passados 2 minutos verificamos que já nos enganámos no trilho. Hi hi hi. Recuamos e encontramos o trilho certo. Somos 16, alguns como eu caloiros.

1ºs minutos são terríveis para mim. O ritmo é bem apressado. Estou no meio da fila. Concentro-me na luz do foco sobre os meus pés e pouco mais.
(Desenho Céu*)
Começo a ficar aflita mas não falo. Subitamente uma fraqueza apodera-se das minhas pernas como se os meus membros se tivessem transformado em penas. Acho que vou desmaiar. Tento arregalar os olhos mas continuo a sentir que o meu corpo vai desistir.
Como é possível? Tanto tempo a desejar esta “viagem”, tantas pessoas já a fizeram e eu vou falhar? Que desilusão!
No fim da fila mais alguém dá sinais de fraqueza e diz que quer desistir. Já estamos a andar há mais de 20 minutos. Será um “sinal” para eu aproveitar e desistir também? Lembro-me, então, do restaurante do Lourenzo, da comida, do ambiente. Vá lá “Céu”, tu consegues! Esta será mais uma viagem para relatar no blog.
2 elementos vão mesmo desistir. Os outros seguem até à Furna e esperam lá pelos outros que acompanham as “desistentes” até mais perto do início do trilho.

1h00m – Furna
Sento-me no chão, tiro as folhas de papel, a caneta, vejo as horas no telemóvel e escrevo “Estou com a língua pela boca fora. Agosto, noite estrelada. Perfeita para estrelas cadentes. Ainda não vi nenhuma. Olho só para os pés”.
Lá está a Ursa Maior.
Aguardamos mais uns minutinhos. Não bebo nem como. Parece que estou anestesiada. A tal sensação de não estar bem em mim, de não me aperceber bem se as coisas são reais. Alguém diz “Ela até escreve às escuras”.
Uns flashes quebram-me o raciocínio. Tiram-se fotografias.
Fazemo-nos de novo à “estrada”. O mal-estar, a fraqueza, tudo passou. Entretanto alguém pergunta se a Furna significa um quarto do percurso. “É um quarto sim, mas pequeno” respondem a rir.Continuamos… prefiro não olhar para trás porque parece que a Casa de Apoio está sempre próxima.

1h19m – 2ª paragem
Sento-me, tiro os papéis, a caneta e o telemóvel. Vejo as horas e escrevo “Vista lindíssima. Ursa Maior acompanha. Estou tão cansada. Ouvidos estão a doer”.

1h31m – 3ª paragem
O ritual é o mesmo. Sento-me, tiro os papéis, a caneta e o telemóvel. Vejo as horas e escrevo “Water” (cedi e resolvi beber água desta vez). “Estamos já do lado de São Mateus”. Entre a 2ª e a 3ª paragens na minha mente ia “rodando” a música Everybreath You Take, dos Police.
Houve alguém que se esforçou demasiado e poluiu o ambiente (arghhh).
“Mr. Daddy” decide daí para a frente guardar a caneta e dar-ma quando eu precisar. É também ele que me dá luz para eu escrever em cada “estação” para não gastar as minhas pilhas.


1h43m – 4ª paragem
Sento-me, tiro os papéis e o telemóvel. “Mr. Daddy” tira a caneta e aponta o foco ilumina-me a escrita.
Vejo as horas e escrevo “Chocolate e água [não aguentei mais saber que tinha uma tablete de chocolate de culinária na “bagageira”]. Ainda o Everybreath You Take [entre a 3ª e a 4ª paragens]”.

2h00m – 5ª paragem
Sento-me, tiro os papéis e o telemóvel. “Mr. Daddy” tira a caneta e aponta o foco ilumina-me a escrita. Anoto apenas as horas. Depois como chocolate e bebo água.

Até à paragem seguinte, continuo com a minha técnica de passos curtos mas permito-me conversar. Não o tinha feito ainda enquanto andava para não ficar ainda mais cansada. O pessoal está animado e farta-se de rir.

2h09m – 6ª paragem
Sento-me, tiro os papéis e o telemóvel. “Mr. Daddy” tira a caneta e aponta o foco ilumina-me a escrita. Anoto apenas as horas. Depois como chocolate e bebo água.


2h18m – 7ª paragem
Sento-me, tiro os papéis e o telemóvel. “Mr. Daddy” tira a caneta e aponta o foco ilumina-me a escrita. Anoto as horas e escrevo que da 6ª para a 7ª estação fui ouvindo mentalmente a música do pe. B. Põe a Mão na Mão do Teu Senhor da Galileia. Depois como chocolate e bebo água.

Subida difícil. Vou levando com alguns mosquitos e borboletas na testa. Mãe telefona mas não posso atender.

2h35m – 8ª paragem
Telefono à mãe. A esta hora já vamos a mais de metade. Passámos já por um sítio onde se sente uma brisa mais fresca. “Aqui chegamos a metade”, dizem-me
.

2h48 – 9ª paragem
Sento-me, tiro os papéis e o telemóvel. “Mr. Daddy” tira a caneta e aponta o foco ilumina-me a escrita. Anoto as horas e “Cheira a Caeiro [planta que encontramos ao longo do percurso]. Depois como chocolate e bebo água.

3h04m – 10ª paragem
Sento-me, tiro os papéis e o telemóvel. “Mr. Daddy” tira a caneta e aponta o foco ilumina-me a escrita. Anoto as horas e “Lua [finalmente conseguimos vê-la]. Depois como chocolate e bebo água.

3h18m – 11ª paragem

Sento-me, tiro os papéis e o telemóvel. “Mr. Daddy” tira a caneta e aponta o foco ilumina-me a escrita. Anoto as horas e que entre a 10 e a 11ª paragens fui musicando “Merry Christmas [tema soft] e Are You Lonesome Tonight de Elvis Presley”. Depois como chocolate e bebo água.

Até à “estação de serviço” mais próxima deixo soltar umas melodias que merecem o reparo de alguém. “Oh, ela já canta”.

A paisagem é mesmo linda. Nunca pensei gostar tanto de ver a “VILHA”.

3h33m – 12ª paragem
Sento-me, tiro os papéis e o telemóvel. “Mr. Daddy” tira a caneta e aponta o foco ilumina-me a escrita. Anoto as horas e “2ª foto com Mr. Daddy”. Depois como chocolate e bebo água.

Mais à frente guiamo-nos por um marco pouco recomendável.

3h55m – 13ª paragem
Da anterior paragem até esta foi a que estivemos mais tempo em andamento porque o caminho foi tortuoso.

Sento-me, tiro os papéis e o telemóvel. “Mr. Daddy” tira a caneta e aponta o foco ilumina-me a escrita. Anoto as horas e “enganamo-nos no trilho. Andámos de pés e mãos em bagacina. Estamos quase lá”. Depois bebo água. Nas mãos algumas marcas desta etapa.

Andamos há largos minutos, à umas duas etapas, a dizer que estamos quase na cratera e nada.
Pelas 4h00m escrevo apressada no telemóvel que vi a primeira estrela cadente. “Mr. Daddy” já tinha visto. (Desenho Céu*)
Mais uns passos e chegamos ao rebordo da cratera. Ainda temos de andar mais um pouco até entrar. No cimo do piquinho uma luz forte. Alguém já lá está. Faz-nos sinal de luzes. Nós também (descobrimos mais tarde que se tratavam de dois brasileiros). Em baixo várias tendas de campismo enfeitam a paisagem. Já sabíamos que um grupo de mais de 40 pessoas estava lá a passar a noite.


4h15m – Finalmente. Entramos na cratera.
Cansados e contentes. Eu cheia de fome.
Procuramos um sítio para nos sentar-mos todos juntos. Abrimos sacos cama e estendemos cobertores. Tiramos fotos e começamos a comer.
Tirei então da mochila o líquido preparado antecipadamente para o brinde da chegada – um “aibol”. “Mr. Daddy” riu-se surpreendido. Ficou fortínho. Bem sei que não se deve beber álcool naquelas condições por arrefecer o corpo, mas foi pouquinho.
Depois veio o silêncio. Um adormeceu, depois o outro. A excitação não me deixa dormir. Quero saber a que horas “acorda” o Sol. Chiiiiiiuuu, já ressonam.

Contemplo o Céu. Que maravilha. E volto à escrita.

5h15m – “A 1ª música que ouvi aqui foi Oceano de Djavan. Escrevo à luz da Lua. A tinta da caneta está a falhar.
Agora Pétala de Djavan.
Ainda não acredito que cá estou.
Passaram as dores nas pernas e nem me importo de ter esfarrapado as mãos e as unhas.
A Lua está meia. E eu tão tranquila a olhar o piquinho.
Quase todos dormem.
Eu aguardo o nascimento do Rei Sol.
Vejo um avião. Mais outro. Parece que quase se cruzaram”.


5h22m – “Alguns roncos.
Unhas cheiram a Caeiro. Levei com borboletas na testa”.

A esta hora faço um desenho do que vejo no piquinho. Pessoas saíram de algumas tendas e campismo e vão subindo o piquinho. O espectáculo é lindo. E vão conversando enquanto sobem a última etapa.

(Desenho Céu*)


No meu grupo ninguém dá sinais de acordar.

5h33m – “Subir uma montanha é ir ao fundo de nós. Estou a ouvir a música Gravity de Embrace.
Logo no início pensei que ia desmaiar. Lembrei-me que por vezes as forças aparecem quando estamos prestes a desistir, energias sobrehumanas invadem o nosso corpo.
Os Homens são seres superiores.
Lembro-me agora do tema de Dulce Pontes e Fernando Pessoa.
Não mijei na subida.
Vejo flashes no piquinho”.

5h40m – “Vejo a 4ª ou 5ª estrela cadente”

Em 15 minutos subimos de pés e mãos (meu foco fraquejou e já tinha mudado de pilhas) o piquinho.
“Pouco depois das 6horas estou no topo do topo. Estou com o rabo arder das fumarolas.
Dia começou a nascer. Agora aguardo a luz, a claridade.
Estou cá em cima. Ainda não acredito.
Preciso de luz.
Está cá um outro grupo.
É lindooo”

Éramos muitos em pouco espaço. Vi estranhos, conhecidos e até amigos. Aninhamo-nos todos como se fossemos da mesma família e esperamos e esperamos, se olhos postos no horizonte.

Enquanto isso, continuo a ouvir música. Auriculares impedem que o frio entre nos ouvidos e aqui a 2 351 metros o frio é muito.
Telefono à Mãe.

6h30m – “Oceano de Djavan.
O horizonte sobre São Jorge e Terceira enfeita-se de laranja/vermelho fogo.
(Foto Céu*)


Começo a sair do estado de “dormência”.
Here I am!
(Foto Céu* - Sombra da Montanha no Oceano)
Quando a obra do Criador começa a surgir ouço Elvis, You’ll Never Walk Alone.
O tapete de nuvens reflete-se na água”.


(Foto Céu*)

Fotos, fotos, fotos, descida do piquinho, uma mija na cratera e 7h55 começa a descida. A esta hora o "Manuel Portuga" já me manda mensagens de telemóvel a pedir fotos.

É melhor escrever apenas que metade da descida foi feita numa hora e que a outra metade teve uma duração de 2horas e meia. 11h25 – fim da descida (muito violenta para mim, que nunca faço exercício físico. Pelo caminho encontrei nove grupos que estavam a subir).
Resta-me acrescentar que passados 3 dias ainda estou inchada dos tornozelos e custa-me andar. Mas cantei pelo caminho tal era o desespero e só caí duas vezes, fora os ameaços.
(Foto Céu*)


Foi LIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!




quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Pelas tintas


Ontem comprei uns tubos de tinta. Apeteceu-me pintar e os que tinha estavam estragados.

Ainda não me sinto à vontade em frente à tela mas estou a experimentar, a ver se volto ao "trilho".
A tela e o papel branco ainda me assustam. Optei, por isso, pelo velhinho "modelo" da sereia...


Há mais de seis anos pintei esta vaca, uma tela nunca acabada e parece-me que assim vai continuar...

Para além das telas, também tenho rabiscado umas coisas...

Ando em viagem pelo mundo da criatividade

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Até onde?

Até onde estamos dispostos a ir em viagem?
O que é isso de ter um espírito aventureiro?


Há os que preferem destinos tropicais, ricos culturalmente, simplesmente distantes ou os que estão na moda.

Há os que planeiam com antecedência, os que mal têm tempo para preparar a mala, os que enchem duas e três malas, os que têm mapa e o rumo traçado, que antes de partirem já fizeram a viagem pela net.

Há os que simplesmente partem com uma pequena mochila, uma escova de dentes e umas cuecas, talvez num inter-rail, ficam em pousadas, fazem uns biscates pelo caminho, comem umas sandes de fraqueza e regressam a casa de espírito renovado. No outro extremo, há os que escolhem hoteis ***** (cinco estrelas, não foi nenhum palavrão), refeições de faca e garfo e deslocam-se em assento de primeira no avião.

Referi-me aos que partem em férias, mas esqueci-me de mencionar que uns partem em grupo, outros aos pares e outros... a "solo".

E, na grande viagem da vida, como somos???

Também há os que planeiam tudo ao mais ínfimo pormenor e os que caminham sem nada esperar da vida. Os que estabelecem metas e tudo fazem para cumpri-las e os que vão consoante o vento os leva.

E há sempre os "meio-termo", mas esses não interessam agora. Voltemos aos extremos...

Há os aventureiros, os que fazem a viagem em solitário, fugindo às amarras, querendo sugar (não lêr "xugâr" - açúcar em inglês) o máximo do Mundo, recolher o maior número possível de dados, amostras...
Serão esses os destemidos?

Fugir ou evitar os compromissos, as tais amarras, é um sinal de lucidez ou de fraqueza? Será que nos habituamos à nossa independência de tal modo que temos receio de perder a nossa liberdade?
E se tudo não passar de uma complexa farsa???? Serão os nossos medos os verdadeiros culpados? O medo de nos expor-mos? De mostrarmos o que realmente somos? Não se trata de nos verem pela manhã, cabelos em pé, sem desodorizante ou perfume, de verem bem de perto as nossas imperfeições físicas. É muito mais...
No dia-a-dia empenhamo-nos em mostrar ao Mundo o quão fortes somos, desprendidos, decididos. Quando ao fim da tarde chegamos, finalmente, a casa deixamos o corpo repousar em terreno seguro. Cai o pano e ficamos só nós, sem mais máscaras nem defesas. Como é possível partilharmos este espaço sagrado com mais alguém???
Um belo dia achamos que "aquele" poderá ser o "tal". Achamos... Como dizia hoje o "Martins": - E se ela tiver um cão? O "Martins" ficaria destroçado se fossem morar juntos e uma ela qualquer tivesse um cão porque ele não quer lá em casa o ão ão... É nesta fase que começamos à procura dos defeitos no outro, é mesmo à procura... a pensar como o outro vai querer mudar os nossos hábitos, a nossa rotina, a nossa maneira de pensar, a nossa casa, o espaço sagrado. "Hum, com outra pessoa em casa,quando e onde volto a estar só comigo?". Soa a invasão de propriedade privada, profanação de espaço de culto...

Então, serão as nossas incertezas as verdadeiras culpadas?
E se afinal, um dia, olharmos para o outro lado da rua e virmos alguém, alguém que desperta ainda mais a nossa atenção, numa altura em que parecia que já tínhamos encontrado o tal? E se a relação arrefece? E se o sentimento acaba?
Fazem-se roteiros turísticos de todos os recantos do mundo mas falta o mais importante, o da grande viagem.
E quanto ao "Carpe Diem", "Martins", hoje parece-me que foi escrito por um Horácio inseguro, cheio de medo de um dia estar só em casa e sentir que é tão aborrecido e desinteressante que o melhor mesmo é aproveitar a vida, distrair-se com ela e não sentir-se mais.
E o verdadeiro pesadelo não seria o outro, o tal, o companheiro, ou o possível companheiro de viagem, achar isso mesmo de nós?
Não precisamos dizer tudo o que pensamos mas que aquilo que dizemos seja verdadeiro...

Como li recentemente, é preciso expormo-nos só aí alguém poderá gostar daquilo que realmente viu em nós.


O maior obstáculo da nossa viagem... somos nós!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Outubro ainda com rumo incerto




Quando chove

Quando chove, como há pouco, também viajamos. Ficamos com menos energia, aborrecidos. Ainda assim viajamos... mas cá dentro.
Quando comecei a ouvir a chuva viajei até ao Inverno, à estação de ver televisão e de olhar pela janela.


terça-feira, 12 de agosto de 2008

Esboço



Depois de umas belas férias no início do Verão, o "bichinho da viagem" anda já inquieto. E porque não aproveitar os dias que ainda tenho direito com uma outra viagem? Não preciso ir para muito longe. A "Ávila" sugeriu que fosse a Lisboa. Bem, eu sugeri que depois da capital fosse ela comigo a outra parte do país. A coisa está a compôr-se. Quem sabe não damos um saltinho a "casa" dos vizinhos espanholitos?
Estamos ambas entusiasmadas... e já andámos pela net, cada uma na sua pesquisa!
Outubro... estamos a preparar-nos para ti!

Zero


A vida é uma viagem cheia de etapas, um constante "olá" e um constante "adeus". Viajamos de avião, de carro, de barco, de bicicleta, a pé... viajamos com o pensamento, com as palavras que proferimos, com as que ouvimos, e ainda com as que lemos, com as imagens que vemos e com aquilo que imaginamos.
Cá dentro e lá fora, "VIAJAR PRECISA-SE!"